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PARADA PELA LUTA ANTIMANICOMIAL

A parada pela luta antimanicomial ocorre na próxima quinta (24/05/2012) as 7 h saindo de frente a Prefeitura Municipal de Catalão-GO

     A saída será as 7 h em frente a Prefeitura de Catalão, com chegada e paralisação na praça Getúlio Vargas, situado ao Centro da Cidade. A luta ocorre visando uma melhor atenção à saúde das pessoas que vivem e convivem com o transtorno mental e/ou em abuso de álcool e outras drogas.

    Durante o II Congresso Nacional dos Trabalhadores em Saúde Mental, realizado em 1987, em Bauru, tr abalhadores em saúde mental, a partir de um questionamento profundo das instituições manicomiais, organizaram a primeira manifestação pública no Brasil, pela extinção dos manicômios, com o lema: "Por uma Sociedade Sem Manicômios". Nasceu assim o Movimento Antimanicomial e instituiu-se o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. O tema traz para a sociedade a discussão sobre a loucura, a doença mental, a psiquiatria e seus manicômios, com a ampla participação de técnicos, usuários e seus familiares.

     Há cerca de vinte anos, profissionais de saúde, defensores dos Direitos Humanos, estudantes, usuários dos serviços de saúde mental e seus familiares, vêm se organizando para combater as arbitrariedades permitidas pelas práticas manicomiais e retirar a loucura dos domínios institucionais. Tal movimento resultou na lei 10.216/2001, também conhecida como “Lei Paulo Delgado”. A lei prevê a mudança das práticas de tratamento psiquiátrico para um modelo substitutivo, que priorize formas de tratamento mais humanizadas, como por exemplo: os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), hospitais-dias, ou mesmo, mais leitos psiquiátricos em hospitais gerais.

 

     Mesmo com estes avanços, o que vemos é que o velho e arcaico modelo hospitalocêntrico ainda prevalece, tanto pela sua cristalização, como pelos interesses econômicos que resguarda. A classe médica, hegemônica nas equipes multiprofissionais de saúde, de forma geral, defende esse modelo com unhas e dentes, afinal, são os grandes empresários do ramo manicomial. Anexas a estes, estão as indústrias farmacêuticas, que agem no sentido de legitimar os diagnósticos para garantir a venda do seu produto, o medicamento. Em outra perspectiva há grupos que tentam compreender o ser humano em todas as suas dimensões, e portanto pensar práticas de saúde mais amplas e suplementares, bem como os próprios usuários, que têm seus direitos usurpados, e os familiares que sofrem também com a dura realidade do manicômio.

     Mais do que discutir as questões estruturais, faz-se necessário também refletir acerca do plano ideológico do que diz respeito à loucura. O usuário com sofrimento psíquico grave carrega consigo o estigma da doença, que o coloca em situação de marginalização, em qualquer meio social em que esteja presente. O sistema capitalista lhe imputa a inaptidão para o mundo do trabalho. O usuário é apontado como um perigo iminente, e nem mesmo tem garantido os direitos mínimos à sua sobrevivência, como por exemplo: passe-livre, assistência previdenciária,entre outras coisas. O que está por trás de tudo, desde a consolidação do modelo manicomial até o estigma e o preconceito contra o louco, é uma pretensa manutenção da ordem social.

 

Fonte: Departamento de Psicologia